sábado, 29 de outubro de 2011

O que eu sentia era pura amizade, apesar de todos os teus defeitos, as qualidades compensavam, e para mim era suficiente.
Isto sim é pura desilusão. Armazenaste o meu coração, e quando tiveste oportunidade não hesitaste em quebrá-lo, e em despedaça-lo nas partículas mais minúsculas, para que a sua recuperação fosse impossível. E é, conseguiste-o. E não há nada que possa fazer porque foi a tua decisão. 
É difícil, custa, pesa e dói. E eu não merecia visto que não fiz nada que te magoasse. Era a última coisa que queria: que me deixasses, e que fosses embora magoada com razão. Fizeste-o, mas sem nenhuma razão viável.
A dificuldade agora é apagar tudo o que passamos juntas e todos os pequenos pormenores que caracterizavam o teu ser. Todo o teu tipo de gostos, desde a música, passando pela comida, acabando nos bens pessoais. O teu vicio de ligar a televisão de manhã quando acordavas ao fim-de-semana. O facto de eu saber que nasceste com 52cm, e com 3,800kg, calculo eu ... O quadro famoso do teu quarto. As vezes em que íamos ao Mcdonald's só para comer o nosso grande sunday de caramelo partilhado. O facto de gostares de arroz com muiito molho. E os teus gestos tão característicos que faziam parte de ti.
Todas as nossas inúmeras dormidas e saídas, quando fizeste-me o almoço e passamos a tarde inteira a ouvir música e a arranjar unhas, quando me levaste o pequeno-almoço à cama, quando fomos fazer o furo do brinco juntas, os nossos aniversários, quando comíamos gomas e tu gostavas de umas e eu de outras, ou nas aulas, ou uma vez em que tivemos a tarde inteira a come-las em tua casa  ...
Não entendo, não compreendo, não percebo. Depois de tudo o que fiz por ti, desde de quando te defendi à frente da delegada da turma, ou quando estavas envolvida com o outro e eu sabia que ias sair magoada, deixei de lhe falar por te usar, e quando descobriram que tínhamos os testes iguais porque te passei os exercícios e eu saí prejudicada, mas na verdade não me importei porque tinha sido por ti, e eu amava-te e só queria o melhor para ti. Não passou de um sonho.
A mensagem que me enviaste no aniversário já não faz algum sentido "(...) Podes contar sempre comigo. Beijinho. Amo-te <3"
Ou aquela que enviei nas férias "Quando deres conta tamos outra vez sentadas na sala uma ao lado da outra". Isto nunca chegou a acontecer, nem numa aula desde que começou o ano. Como eu estava errada acerca da nossa amizade.
Eu gostava de ti, dos teus pais, da tua avó, da tua família. Gostava de tudo o que vinha de ti e da tua vida verdadeiramente.
Mesmo que quisesse fazer com que isto voltasse, era impossível. Impossível porque pensas que fui que errei quando na verdade não foi. Impossível porque sabes da verdade e continuas a não a acreditar em mim, eu que dei tudo o que tinha para te oferecer ao longo destes dois anos. Impossível porque não há volta a dar, porque não consigo juntar todas as pequenas fragmentações do que partiste e puseste a sangrar sem estagnação. 
Não te posso perdoar, mas tens que pedir perdão. A Consciência há-de te pesar um dia.


"Perdoável é não perdoar" Jorge Palma

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